Palácio de Topkapi, em Istambul, foi moradia dos sultões


Na cidade velha, estão no epicentro do turbilhão das atrações históricas de Istambul o palácio de Topkapi; a mesquita Azul, com suas cisternas; a basílica de Santa Sofia, hoje transformada num grandioso museu; o hipódromo, de onde vieram os cavalos que adornam, em Veneza, a basílica de San Marco; e o Grande Bazar.

Embora todos esses marcos ocupem uma mesma área da metrópole turca, reserve pelo menos um par de dias durante a estada na cidade para explorar com calma esses locais, pois cada uma das visitas exige algumas horas de passeio, filas e contemplação.

Reserve cerca de 20 liras turcas (cerca de 10) para entrar no palácio de Topkapi e na Santa Sofia; a mesquita Azul, local de culto, não cobra entrada, mas, na saída, moedas são apreciadas para a conservação desse imenso templo muçulmano.


Digno de um sultão
De aspecto medieval, o palácio de Topkapi tem três portas imponentes e ocupa uma área de 700 mil km 2 --território comparável à metade do Principado de Mônaco.

Fica num promontório de onde se vê, ao longe, o encontro das águas do estreito de Bósforo com o mar de Mármara -essa é a vista que o visitante encontra no turístico restaurante Konyali, que fica dentro do palácio.

Reza a lenda que seu construtor, Suleiman, o Magnífico, que chegou às portas de Viena no século 16, inspirou-se nos castelos medievais para edificar, sobre ruínas bizantinas, o palácio de Topkapi, que é importante por seu aspecto arquitetônico e por seu acervo inimaginável.

Até ser substituído pelo palácio de Dolmabahçe pelo sultão Abdülmecit, em 1853, o Topkapi foi a morada dos sultões e de outras 4.000 pessoas.

Inaugurado em 1459, o Topkapi foi também o lugar de onde irradiava o poder político do sultão durante quase todo o período em que o Império Otomano regeu os destinos do mundo muçulmano.

A sala do conselho, uma visita obrigatória dentro desse museu, abriga divãs --poltronas contra a parede-- onde o poder se reunia.

Quando viajava, em caravanas, o sultão levava suas tendas e, assim, raramente se hospedava nos palácios europeus, até por uma questão de segurança.

Peculiaridades
O fausto da corte tinha também ritos muito peculiares. Antes de falar com o sultão, o diplomata ou chefe de Estado de um país estrangeiro deveria esperar até mais de um ano pela audiência.

Ainda assim, era proverbial o silêncio durante os encontros: o visitante, que entrava pelas portas e era acompanhado por leões na coleira durante o trajeto, encontrava um sultão que falava invariavelmente por meio de um intérprete.

Nos salões, cortinas de seda eram bordadas com pedraria e, do lado de fora, pequenas fontes serviam para que o barulho da água ajudasse na manutenção do sigilo das conversas.

Acervo poderoso
A vasta coleção de raridades reunidas no Tokapi, que inclui um mapa de 1513 do almirante turco Piri Reis exibindo os contornos da África, da Europa e da América do Sul, porcelanas e cristais europeus, suscita filas infinitas, mas vale a pena ser vista, especialmente no quesitos indumentária e joalheria otomanas.

Os trajes imperiais são imensos, como ditava a moda, bordados a ouro e, curiosamente, ainda hoje parecem modernos: os caftãs usados pelo sultão tinham cores vivas e estampas geométricas.

Uma adaga de 1741 com cabo constituído por três imensas esmeraldas, relógios complexos que tocam música e revelam as fases lunares, armaduras incrustradas com pedras preciosas e até um diamante de 86 quilates figuram no acervo, que inclui, ainda, um curioso bercinho e troféus alusivos às campanhas militares do sultão Selim, o Cruel, que, entre 1512 e 1520, conquistou o Egito, a Arábia e a Síria. Vai encarar?

Folha de São Paulo
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